26 setembro, 2007

Lucia, queria que minhas palavras discorressem levemente sobre tudo o que tem acontecido. Como num fluxo de consciência. Gostaria de te contar toda a certeza que sua partida me trouxe. Mentiria, pra te deixar feliz, falando que não tenho saudades. Olhando para a sua foto, para os seus olhos, não sou capaz de fazer qualquer outra coisa que não seja simplesmente sorrir.
Queria poder falar mais de você para todo mundo. Sinto que iria fazer um bem muito grande, para mim e para quem não te conhece. Percebo que não te conheci como deveria, e é justamente isso que me traz fascínio e, ao mesmo tempo, me mortifica. Se não fosse desse jeito, talvez não teria a oportunidade de aprender tantas coisas sobre a vida. Talvez sim, talvez não. Nunca vamos saber.
Quando sonho com você, não sei o que pensar quando acordo. Só sei que eu queria te abraçar, abraçar, abraçar, até não poder mais. Ia dizer que choraria no seu ombro, mas sinto que não conseguria. Se eu pudesse sentir seu calor, seu cheiro, ouvir sua risada boba, não sobraria em mim nenhum espaço para qualquer tipo de tristeza.
Lembro de todas as coisas que eu poderia te contar, e imagino sua expressão, misto de atenção com espanto, enquanto estivesse ouvindo. Nós duas ficaríamos com vergonha, e talvez por isso o momento fosse o mais especial.
Penso na sua mãe, no seu pai, no Caio, penso em você. Isso me lembra de toda a paz e a serenidade que pode existir no mundo. Me anima e me fortalece. Penso no Dani e na minha família, em tudo que poderia ter sido, mas não foi. A vida inteira que ficou pra trás. Por mais incrível que isso possa parecer, não fico triste. O que mais me emociona é lembrar dos olhos da Isa, do abraço apertado do Caio, do sorriso do Lupa, do Dani todo de preto uma semana inteira. São essas manifestações, esses gestos das pessoas que amamos (eu e você), que me tocam, pois me relembram toda a beleza que existe em tudo.
Obrigada por ter passado por aqui, Lucia. Sem você, eu juro que seria menor. Todos seríamos pequenos. Ao contrário do esperado, sua ida trouxe vida. Vamos levando assim, calados, até o dia em que todos nós vamos nos reencontrar. Não sabemos onde, mas julgo que será no local que aparece nos meus sonhos:
Um parque com árvores, flores e sol. É outono e as folhas são todas alaranjadas. Algumas caem. A atsmofera é amena, uma brisa nos refresca. Um riacho corre próximo, o barulho das águas correndo nos acalma. Todos nós estamos lá, juntos. Todos que já foram e os que ficaram, todos que são importantes de qualquer maneira. Nos sentaremos em qualquer lugar que pareça tranquilo, montar um piquenique e talvez tirar umas sonecas. Não imagino as conversas, as palavras me parecem desnecessárias. Vamos nos olhar muito, nos abraçar, sorrir serenamente. Curtir muito a companhia uns dos outros, pelo simples fato de ela existir e ser como é. Lá não terá qualquer tipo de barreira. É pra lá que vamos, e é por esse momento que eu espero.
Até lá, não se preocupe com nenhum de nós. Estamos todos dando o melhor de si para continuar. A vida, no final das contas, é bonita. Vale a pena. Obrigada, Dona Matilde, pelas belíssimas palavras que a senhora deixou antes da internação. Realmente, sinto que nós estamos todos saboreando o manjar dos céus. Nós ainda estamos no mesmo plano, mas a distância me mata. Gostaria de poder estar com você nesse momento.
Obrigada, Lucia, por me mostrar a diferença entre cocada e queijadinha. Obrigada, Dona Matilde, pelos abraços e por me chamar de neta. É, parece mesmo que as coisas mais simples são sempre as mais importantes.
Desejo força para todas nós. E também muita coragem para aguentar a saudade.
Amo vocês. De todo o coração, Amanda.

19 setembro, 2007

(Andando pela rua gelada, com os lábios rachados. As mãos, enfiadas nos bolsos, ensaiam uma saída estratégica, mas desistem no meio do caminho por pura covardia de enfrentar o vento. Perdendo a noção dos caminhos, a garota cai no buraco da noite escura. Sente que rasteja em direção à luz, ou à qualquer lugar. As pessoas a olham, mas não a enxergam. Pode ser que pensem que ela é suja, vil.)

Ela levanta os olhos e se pergunta a quanto tempo anda assim, pequena. E, calada, descobre que sempre. O vazio em seu coração pesa tanto que lhe encurva as costas.

12 setembro, 2007

Oh! Deus me perdoe
Deus perdão por me sentir assim
Eu peço perdão
Por pedir perdão sempre
E depois cair


o cd do nasi é o nacional mais legal de 2006! e quem não concordar, é um cara de mamão.
isso sim é música, não james morrison! hunf.

04 setembro, 2007

Metodologia da pesquisa? aaaaah, não. Sorry, Rê!
Poesia experimental? Ah, isso sim! Aliás, queria postar a nossa belíssima poesia experimental aqui. Camila, por favor, manda pra mim!


Enquanto a bela poesia experimental não chega, quero falar sobre as madrugadas.
Ah, a madrugada.
Nunca pensei que poderia aproveitar tanto as noites de insônia. Para falar a verdade, estou com medo de estar me viciando em ficar acordada. Toda noite é a mesma coisa: vou dormir cedo, e daí durmo mesmo. Sonho e tudo mais. Mas de repente, pluft! O sonho acaba e o sono também. Então eu simplesmente me viro olhando para o teto e fico pensando, horas e horas pensando. Às vezes bate aquele desespero, quando está amanhecendo e o sono ainda não voltou. Mas na maioria das vezes eu aproveito esses momentos de profunda meditação. Não é como dormir... mas é como se meu espírito se desligasse do meu corpo e ficasse vagando por aí, pra todos os lugares que eu queira ir. Também não é um sonho consciente, como no filme Waking Life. É só um processo de controle de pensamentos. Incrível.
Quando a madrugada está clara, é a coisa mais bonita do mundo olhar pela janela. Uma droga morar no Centro, onde as luzes são tão claras que ofuscam todas as estrelas. Às vezes a lua escapa por detrás de um prédio, e isso sim vale a pena ser visto.
E música, para acompanhar. Sempre! Nem que seja de memória. A melhor é Ruby Tuesday, dos Stones. Desculpem, todos já cansaram de ouvir essa música por minha causa, mas o que posso fazer? É A música.
A mente é uma viagem única. Só isso que eu digo, e olha que nem é novidade.