27 junho, 2007

Eu fecho meus olhos apenas por um momento, e o momento se foi. Todos os meus sonhos passam diante dos meus olhos com curiosidade. Poeira ao vento. Tudo o que somos é poeira ao vento.

É, essa é aquela música Dust in the wind, que já teve vááários intérpretes. Eu sempre achei ela meio breguinha (principalmente com aquela Sarah Bright-sei-lá-o-quê). Mas hoje fiquei pensando nessa letra.

Lembrei de Macondo, que foi levada pelo vento ao final do livro. Levando consigo todos os Aurelianos e José Arcadios de seu passado.
Dá pra entender que a história da humanidade é, cruamente, uma grande história sobre a solidão. E só isso...

Let it ride, let it ride easy down the road. Let it take away all of the darkness.

26 junho, 2007

A maior demonstração de amor é a não exigência de explicações. Pode ler cobranças... Faz sentido pra mim.

24 junho, 2007

O vento percorre meus cabelos, explorando cada fio, desnudando-os. O movimento parece uma dança assimétrica, bonita porque é caótica. E caótica por ser bonita.

Entretanto, totalmente alheia à arte abstrata e fugidia que se descortina ao meu redor, me pego pensando nos seus pensamentos. De algum jeito, eles têm um quê de vento. Brincam comigo e me desvendam, mais do que eu gostaria e mais do que eu mesma sei de mim. Se eu conseguisse alcançá-los... Na verdade, não me importo. Jogo o jogo.

Às vezes acho que te tenho na palma da mão. Que conheço cada vírgula do seu espírito. Outras vezes, me perco no seu olhar e simplesmente não encontro saída. Você me aprisiona sem se dar conta disso. E então rio bobamente, me preocupo por não te entender. Sinto que a imagem que tenho de você torna-se funda, profunda. Com cenário, passado, futuro, figurantes, detalhes, erros. Crio histórias, invento fugas, determino cada frase da nossa conversa. E assim, mais uma vez, concluo a minha estupidez com a certeza de que nunca vou te conhecer por inteiro. E nem quero. Me encanta (e mortifica) a idéia do enigma.

Dá vontade de parar o tempo agora para tudo continuar assim, perfeito. Como as pessoas que perdem a visão com determinada idade e só se lembram dos conhecidos com a mesma feição que tinham na época do incidente. Não há envelhecimento. Se eu perdesse a visão agora, queria ver pra sempre o seu olhar, fundo, que me perfura e aterroriza, seu olhar triste, sereno, o olhar que pensa que eu não vejo, o mesmo olhar que eu quero acreditar que é diferente de todos os outros.

Seria a imagem mais doce que eu poderia ter comigo até a minha morte. Quando me chateio com você, é pelo fato de ainda não te entender do jeito certo. Não quero te entender nos meus moldes, te comparar a mim, que é a maneira mais fácil de dizer "Eu entendo". Quero sentir a dor que você oculta, fazer as mesmas ligações. Te compreender por te conhecer. Todos os seus piores defeitos. Vou sofrer, mas sentirei que estarei maior. Porque a maior grandeza da vida não é tentar ser perfeita, mas me aceitar por aceitar os outros com resignação. Passar do egoísmo para o auto-conhecimento. Por mais pleonástico que possa parecer.

Quero te ver assim, distante e cheio de mistérios. Que é a maneira mais altruísta de te amar.
Hallelujah!

;)