29 julho, 2008

Havia um pouco de vodka naquela garrafa. Havia um pouco de tudo na cabeça - pensamentos com cor, cheiro, e dor. Doíam na espinha. Na cabeça. Apertava o peito... "Mas ainda tem vodka" - ofegava. O copo pendendo na mão, encharcada. Molhada de quê? De bebida? De sangue? Talvez lágrimas. O copo transparente, assim como os dias que nem passavam mais. Que distância daquele tempo em que o tempo passava, e passava a seu tempo. Era todo o tempo do mundo. Hoje simplesmente as horas escorrem por entre os dedos, como o copo quebrado no chão, há horas. A cabeça pendendo na mão seca. Afago áspero, dèja vú... A cabeça quebrada no chão, há anos. A boca inteira, único pedaço intacto, sorriu tristemente:
"Ainda tem um pouco de vodka".

é velho, eu sei.

19 julho, 2008

ontem fiz duas das minhas coisas mais preferidas do mundo.

fui de bicicleta até o final de marília, num dos pontos mais altos, bem no finalzinho da tarde. lá de cima dá para ver a cidade quase inteira e o mais belo pôr do sol no horizonte da estrada. pude ver o céu quase translúcido transfigurar-se em amarelo, laranjado forte, vermelho; depois se cansou e virou lilás e azul petróleo. assisti ao nascer da lua, às primeiras luzes da cidade se acendendo e até pude rever a estrela que tem o meu nome, aquela que brilha forte com todas as cores e fica do lado mais sul do céu assim que a noite cai.

vi o terreno baldio que a gente costumava explorar às pedaladas. ainda está lá aquela árvore solitária, em meio ao nada, que não faz mais nada a não ser assistir ao despertar e adormecer da cidade à seus pés dia pós dia.

desci as duas ramponas sem botar um dedo no freio. fui cambaleando pelos buracos, desviando dos galhos mais baixos, sentindo o vento na cara. vi o laguinho laranjado com a luz do entardecer, com seus gansos barulhentos correndo pra lá e pra cá. mais tarde vi ele de novo, só que diferente, negro, com um grande ponto brilhante reflentindo em sua metade, os patinhos recolhidos embaixo duma árvore, os casais de namorados sentados na grama e tentando se proteger do friozinho mariliense.

lá de cima do mundo, me senti feliz como nunca. compreendi muitas coisas, pude perceber como tudo quase sempre é muito simples. queria em eternizar aquele momento, mas não sabia como... minha solução foi escrever aqui. não significa nada para mais ninguém, mas vai ficar sempre guardadinho nos arquivos do meu bloguinho, para quando eu quiser reler e sentir de novo aquele vento cortando meu rosto em meio àquela luz laranjada. deu saudades de você, fábia.
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a segunda coisa preferida foi ir ao cinema com meu irmão, com milhões de guloseimas escondidas na bolsa (e na blusa), e assistir ao filme novo do batman. massa, hein.

17 julho, 2008

antonina: uma outra dimensão


o time da tv comunicação em antonina. em pé: cioffão, pervaneli e amandaudi. embaixo: ivanzorde, pupolixus, skruaabah e pitão da ponta

O Festival acabou oficialmente no último sábado – mas só oficialmente. Pode parecer piegas, mas essa edição de 2008 vai ficar guardadinha num cantinho bem especial da memória de todo mundo que foi pra Antonina. Talvez tenha sido pela equipe que estava lá, talvez por ter sido novidade para mim, talvez pelos shows, talvez pela comida boa, talvez até pela Nenega musa, não sei exatamente o motivo, mas foi tudo maravilhoso.

Fui pela TV Comunicação. Nós nos matávamos todos os dias para fechar um jornal e exibir no telão, antes do show principal. Toda a equipe estava extremamente unida, nem parecia trabalho. E olha que a gente acordava bem cedinho, trabalhava sem parar até a noite (quer dizer, só parava para almoçar, com nossos vales que miraculosamente rendiam horrores em comida), corríamos para fechar o jornal a tempo (e o mais difícil: convencer o Pacheco a esperar o nosso CD ficar pronto para exibi-lo antes de começar o show). Era um corre-corre danado pra lá e pra cá, até cheguei a sonhar uma noite que minhas pernas estavam tão musculosas que não entravam mais nas calças. Pode parecer que uma rotina dessas era estressante, mas não, muito pelo contrário. A gente se divertia o tempo todo, durante as filmagens, pensando em passagens criativas, passeando pela cidade, no trapiche, nos restaurantes, bebendo Fontana (só depois do expediente), no sindiqueijo (apelido carinhoso para o nosso QG), no hotel, enfim... em qualquer lugar e em qualquer momento.

Criamos uma musiquinha lá que resume bem o cotidiano da TV Comunicação:

Bebe um pouquinho

Passeia um pouquinho

Fala ‘Calma, Pacheco!’

Sobe a escadinha

Desce a escadinha

Fala no rádio ‘Calma, Pacheco!’

Vê o Ivan editar um pouquinho

Vê o Ivan sair correndo um pouquinho

Filma pra caramba

Come pra caramba

Na verdade, eram muitas musiquinhas. Tem o clássico funk (“Susse, Susse, Susse like a mousse!”) e o nosso rap technera da Nenega (“Negra mulher, que vende barreado / Faz muito bom, e ganha um trocado / Não é mais menina, mas mora em Antonina / É a lenda do Festival, mais famosa que o Sandoval”). Bom, nessa última letra tem um verso perdido, só sabe quem estava lá.

Havia falado pra meio mundo que iria chegar em casa e escrever para o Blog. Não consegui de cara e hoje, alguns dias depois de voltar, ainda não sei muito bem como descrever aquela experiência. Afinal, a gente se divertia muito, mas não era só festa. Aprendi muito sobre telejornalismo em apenas uma semana, talvez até mais do que em todo o semestre em que fiz a disciplina. Foi jornalismo na prática, com deadlines apertados, pautas caindo, pautas surgindo, conheci muita gente bacana e idéias interessantes. Outra vez serei piegas: foi um ganho de vida.

Falei só da TV, mas todos os outros veículos foram extremamente bons. O Caranguejo e o Caranguejinho não deixaram nada a desejar em termos de jornalismo impresso. A Rádio Caranguejinho também estava ótima. Dou os meus parabéns sinceros a todo mundo que participou dessas oficinas – eu realmente me surpreendi com a qualidade do resultado.

É difícil falar de uma coisa tão ampla sem resumir, então esse foi o meu singelo resuminho do Festival desse ano. Para quem não foi, não perca o do próximo ano. É sério. E pra quem foi, nos vemos lá de novo ano que vem.


*texto originalmente publicado no Blog da Redação.

02 julho, 2008

hoje aprendi a rezar o terço com a minha vó. se isso contar alguma coisa, talvez minha alma ainda tenha salvação.

lembrei de um textinho meu de janeiro de 2007, acho que tem tudo a ver com o agora. como eu tô com preguiça de fazer uma longa dissertação sobre o tema, vai rolar um ctrl c + ctrl v, mesmo.

Foi mal aí, Religião, mas eu aprendi muito mais com umas parcas revistinhas do Homem-Aranha do que com o tantão que você tentou me ensinar. Mas não... Não sinta-se mal por isso, por favor! Você ainda tem o seu valor. Você faz a galera se conformar com a vida que leva, ou melhor, com o não-sentido de por que tal vida deve ser levada. Você é uma das razões para aqueles programas divertidíssimos que passam nas tardes da Record, tipo o "Do Fundo do Poço", em que uma câmera fica numa posição inferior e, lá de cima - de fora do 'poço' - o pastor dá as receitas de como melhorar a sua merda de vida (a outra razão - sinto muito - é o dinheiro). E também você serve pra quando é escuro, e de repente me vem um medo de qualquer coisa, é em você que eu me apóio, apesar de todo o descaso implícito na luz do dia. Mas cê tá por aí faz uns par de mil anos, não deve se importar ou se abalar com uma coisinha à toa como uma reclamação dessas, né não? Você ainda é importante em momentos de desespero. Ou de esperança. O que eu quero dizer é que você tá meio manjada... Aquele papo de Adão e Eva, de Limbo, tudo isso não tá colando mais, não. Que tal deixar de lado todas aquelas metáforas e fórmulas e tentar fazer com que a gente compreenda a realidade do jeito que ela é e, aí sim, quem sabe a gente possa entender e amar ao próximo. Ou se matar de uma vez.
Quem sabe a verdade não tá bem na frente dos nossos olhos... E por ser tão simples, a gente simplesmente não consegue enxergar?
religião é um negócio muito subjetivo. eu encontro minha paz em maneiras alternativas, não necessariamente de joelhos num banco de igreja. às vezes me dá saudades de sentir aquele conforto ao ler algum livro religioso. nesses folhetinhos, tudo parece simples, descomplicado, fácil - basta ser bom e amar a deus.

nada

eu sou estúpida, boba, impulsiva, machuco quem está por perto, me sinto culpada por alguma coisa 90% do tempo, tenho pensamentos muito contraditórios em curtos espaços de tempo, sinto preguiça de (algumas) pessoas, sou chata, desorganizada, além de ser absolutamente normal e às vezes até previsível.

não estou dizendo isso para as pessoas comentarem 'ah, claro que não, você é mor legal', eu só precisava colocar isso pra fora.

post de crise pré-adolescente total.