24 setembro, 2008

Ano zero

Como queijo e goiabada - foi assim que você definiu. Eu sou o queijo. Minas. Aquela coisa que só serve para quebrar o doce doce. Mas não foi só isso, você disse muitas outras coisas. Disse, por exemplo, que o mais chocante não é a morte da criança no final do filme, mas sim viver em um país em ruínas. Eu não entendi.

Você pegou na minha mão e explicou que depois de toda calmaria vem a tempestade, e nunca foi o contrário. As avós estavam erradas, afinal de contas. Todas elas. Acho que eu ainda não entendia quando você tranquilamente me falou sobre todas as coisas do mundo em algumas poucas palavras. Eu ouvia e pensava 'uau, é exatamente isso, esse é o mundo', e então você advertiu: 'Não crie grandes convicções. Se o dia está bonito, é hora de fugir'.

Um dia eu estava olhando um grande livro com figuras. Você chegou perto, com um misto de curiosidade e arrogância, e me perguntou o que eu estava lendo. Respondi que não lia nada, só via as imagens. Você disse 'pois é, é assim que você é. Bem fácil de entender'.

Foi aí que eu percebi -

No meio de escombros, não existe o bom, nem o certo, nem o bonito, não existe nada, só uma grande lacuna. Tipo aqueles tracinhos da forca, que você sempre adivinhava por que dizia as vogais primeiro. Mas as ruínas não têm vogais.

E as certezas, das certezas sobrou um filete de pedras de tudo o que era grande. Quem sabe pra algum adolescente com espinhas ouvir e pensar 'sim, esse é o mundo', e aí sair pra tomar um milk shake.

O moço do filme falou 'Antes nós éramos os socialistas nacionalistas' - e inflava o peito, antes de completar, com profundo desgosto: 'agora somos os nazistas'. Esses somos nós.

21 setembro, 2008

Singelo pedido

Oi! ;)

Você já tá sabendo do Desafio da Notícia, da Band? Funciona assim: todas as semanas, duas universidades produzem uma reportagem sobre um mesmo tema. Essa semana o tema foi obesidade, e a UFPR entrou no ringue contra a Unicenp. O programa passou ontem, mas dá para ver os dois vídeos no site www.blogdacidade.com.br.

Agora, a parte importante: para decidir quem fez a melhor reportagem, há um juri técnico e outro popular. Por isso, contamos com a sua ajuda! Para votar na UFPR, é só mandar um torpedinho para o número (41) 8423-6685, com o texto 'UFPR'. Dá para votar quantas vezes quiser, e o valor é de uma mensagem normal!

E nós temos até um garoto-propaganda de peso nos apoiando! Conseguimos um vídeo do Cid Moreira (sim, A_VOZ, é um espanto!) dizendo que vota na UFPR! É só clicar no vídeo aí embaixo - e não se preocupe, não é vírus. ;)



A equipe da UFPR agradece desde já! E nos comprometemos a continuar na luta, sempre tentando melhorar!

Valeu! E contamos com o seu voto. ;)

10 setembro, 2008

Balões

Me chamam de Zé e eu nasci no dia de fevereiro que só existe de vez em quando. Dizem por aí que sou do signo da loucura. Eu não sei se é um problema... O que acontece é que quando fica outro zé na minha frente falando sem parar, eu fico sem entender palavra. Não que eu não escute, eu escuto. Mas é que a pessoa vai falando e vai ficando aquele monte de letra no ar. Eu junto as letras e vou formando palavras, mas elas nem sempre ficam do jeito que tinha que ser. Às vezes são palavras novas, que nada tem que ver com o blá que eu escuto.

Tem vezes que o lenga-lenga é tão grande que sinto que as letras não aguentam ficar juntas, elas vão derretendo... Ficam tão pesadas que caem no chão. Uma empurrando a outra pra baixo, parece uma cachoeira, e as palavras não páram, só caem. É triste de ver. Letras tão bonitas no chão. Não é assim engraçado como uma sopa de letrinhas, dá mesmo é vontade de chorar.

O povo fala pr'eu prestar atenção, para não terem que repetir. Ficam falando que eu sou distraído. A Rosa, que gosta de mim quando é de noite, diz que sou criativo, tenho idéia boa. De dia, diz que sou burro.

Ninguém entende. Ou quase ninguém, por que alguém inventou os livros em quadrinhos, onde as pessoas falam em balõezinhos. É assim que eu sou. Tirando que não tem balão, só letra. Seria mais bonito naquela forma de nuvemzinha, acho que dava pra ficar mais certinho, cada letra no seu lugar... Mas não reclamo. Uma vez eu li que quem é diferente dos outros é por que levou sopro de anjo quando era bebê. 

Talvez todo mundo seja mesmo assim. Não escutam, só vêem as letras e vão formando o que querem. Dizem que a gente vive só de ilusão e feijão, né. 

 

07 setembro, 2008

blueberry days.

04 setembro, 2008

O contrário de desaparecer: mas sentir-se tanto tanto que a própria existência torna-se imensa. A dor demais, quando maltrata o peito, ao mesmo tempo deixa um lembretezinho. "Você vive". Pelo menos isso. Ruim é quando os dias passam tão batidos que parecem que nunca existiram.


"Você ainda vai cruzar com eles na grande jornada rumo à mediocridade". Lester Bangs disse isso. Pessoas se esfolando para serem cada vez mais burras e alienadas.