Tem vezes que o lenga-lenga é tão grande que sinto que as letras não aguentam ficar juntas, elas vão derretendo... Ficam tão pesadas que caem no chão. Uma empurrando a outra pra baixo, parece uma cachoeira, e as palavras não páram, só caem. É triste de ver. Letras tão bonitas no chão. Não é assim engraçado como uma sopa de letrinhas, dá mesmo é vontade de chorar.
O povo fala pr'eu prestar atenção, para não terem que repetir. Ficam falando que eu sou distraído. A Rosa, que gosta de mim quando é de noite, diz que sou criativo, tenho idéia boa. De dia, diz que sou burro.
Ninguém entende. Ou quase ninguém, por que alguém inventou os livros em quadrinhos, onde as pessoas falam em balõezinhos. É assim que eu sou. Tirando que não tem balão, só letra. Seria mais bonito naquela forma de nuvemzinha, acho que dava pra ficar mais certinho, cada letra no seu lugar... Mas não reclamo. Uma vez eu li que quem é diferente dos outros é por que levou sopro de anjo quando era bebê.
Talvez todo mundo seja mesmo assim. Não escutam, só vêem as letras e vão formando o que querem. Dizem que a gente vive só de ilusão e feijão, né.
8 comentários:
Eu não vejo letra, eu vejo cor. Tudo que vão falando aparece uma cor.
Eu gosto tão mais de escutar. :(
Sensacional, dona Amanda!!
um beijo, queridona!
Vadia,
O melhor texto seu que eu já li!
é perfeito.
esses dias eu tava conversando com a giuli sobre como eu penso os números, mas nunca tinha pensado nas palavras e letras, caindo como cachoeira.
lindo!
Nossa, Amanda que golaço! tô lendo de novo e achando sensacional de novo!
queria ter escrito isso ai!
beijo
Vai, Amanda, ser gauche nessa vida :)
Cheguei aqui pelo blog do Rubão. De cair o queixo!
Ótima recomendação a dele.
Ótimo texto Amanda. Tá escrevendo demais essa menina.
bjs
Rodolfo
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