seguindo a tradição do blog, faço agora a minha retrospectiva sobre o ano que está acabando. bom, não é exatamente uma "tradição do blog" - visto que fiz pela primeira vez no ano passado - mas eu curto esse tipo de coisa brega porque é um baita clichê e eu amo clichês, de verdade mesmo.
vamos lá.
vejo a galera reclamando de 2009 por aí em todo lugar, no twitter, no orkut, no bar, na vida toda. olha, nada contra quem teve um ano ruim, mas é que o meu foi tão bom! ele não foi necessariamente feliz o tempo inteiro, mas foi intenso. definitivamente foi intenso.
no começo do ano, a loucura. estava em um trabalho que não me deixava feliz, então larguei e fui viver a vida. o bom é que tinha muita gente numa fase parecida e todos dispostos a aguentar a labuta do bar nosso de cada dia. nessa época eu fiz muita merda. tipo acordar uma hora atrasada no primeiro dia do estágio novo com uma ressaca dos infernos. hehe. mas nossa... dá saudade. era bom. foi aí que eu adotei meu gatinho, que até hoje é o ser mais odiado por todo mundo, menos por mim. quer dizer, é uma gata, mas nós acostumamos a chamá-lo de gato. beirut. também foi mais ou menos por essa época que eu conheci o nicola.
no meio do ano, o amor. nos primeiros dias, era aquela coisa estranha. a gente era coleguinha e se dava bem, mas sempre havia aquela vontade de conversar melhor, se conhecer mais... enfim, foi ele que nos apresentou ao bill, e isso por si só já bastaria. mas é claro que havia mais. e foi num dia de calor, sentados no chão de um estacionamento, depois de conhaque & rollmops, que tudo começou. e aí veio o medo, porque o meu carinho por ele não parava de crescer e pô, sofrer por amor é foda, né? dá medinho. mas o tempo passou, o medo também, foi ficando só aquela coisa boa que a gente tem quando tá junto. tudo foi se desenrolando de uma maneira tão gostosa, com tudo a seu tempo, que não daria pra, hoje, não ser do jeito que é. eu amo aquele cara e me sinto realmente feliz com ele.
durante todo o ano, trabalhei bastante. fiz coisas das quais me orgulho, outras nem tanto. comandei a TV comunicação e foi um dos aprendizados mais prazeirosos e cansativos da vida. tenho saudades de ser editora-chefe, haha. fiz estágio por alguns meses, depois que larguei o emprego do começo do ano, mas não deu muito certo. saí pra entrar em outro, na tv ufpr, e aí a coisa desenrolou. a experiência foi muito boa. fiz frilas e projetos paralelos, estudei bastante... foi duro. mas foi bom. :)
olha, juro que passei por vários perrengues nesse tempo todo. pensei em desistir, quis começar tudo de novo, olhei para as coisas que fiz e achei uma merda, enfim. mas né, tamo aí. é bom passar por essas coisas porque você sempre precisa reaprender a viver depois de cada uma delas, e acho que isso é uma das maiores belezas da vida.
é isso aí! tomara que 2010 seja tão lindo quanto 2009.
28 dezembro, 2009
08 dezembro, 2009
Rebobine
As moscas voam ao redor de uma velha fruteira, uma antiga e empoeirada fruteira verde cor de mosca mesmo, daquelas gordas, pesadas e com um brilho meio furta-cor, que quando aparecem as avós diziam que anunciavam morte. A fruteira, tão sozinha, coitada, tinha com ela umas três batatas somente, que nem frutas eram, mas ela parecia se contentar mesmo assim: cumpria sua função de portar coisas. Nostálgico.
E onde foi que eu vi isso? Era em alguma cozinha escura, talvez meio verde também. Ou então o que eram verdes eram os arames das cadeiras da varanda. Ou os baldinhos com que as crianças brincavam na terra com as mães se desesperando porque lá poderia ter alguma doença. Não sei se isso me dá saudade. É só um quadro vívido na memória. Com cor marcada: lembrança esverdeada.
O que entendo é que se tudo parece estar certo, é só olhar um pouquinho mais para baixo para ver as coisas erradas - podem estar debaixo do tapete. Mesmo assim, lá vem outra coisa que as avós costumavam dizer: "Se alguma coisa parece errada, é porque você olhou demais".
Engraçado é que a todo tempo dizem que sentir culpa pelo passado é uma coisa fora de moda. Não sei, pressinto que essa nova onda de breguice dos anos 80 tenha reavivado nossas saudades e nossos remorsos. Como se vivendo tudo de novo, a gente pudesse mudar alguma coisa. Quem sabe um detalhe aqui, outro ali, e então talvez algum dia a gente chegue aos anos 2000 de novo, mas dessa vez da maneira certa. Sem perdas pelo caminho.
Acho mesmo é que eu andei me perdendo nesses tempos tão entediantes. A culpa está justamente nisso de se perder cada vez mais, mesmo pensando em voltar, e ainda assim cada vez caminhando, caminhando mais à beira do abismo. É tão bonito olhar pra baixo. Acho que a culpa está, na verdade, nessa espera por algum deus ou algo que o valha que saia de suas terras ancestrais, montanhas ou campos, e me tome pela mão e me conte todo o por-vir, ou que pelo menos me olhe nos olhos com seus olhos de tigre branco e me assopre um segredo indígena, que sele minha boca e meus ouvidos e só me deixe ali por um tempo, só me deixe.
E onde foi que eu vi isso? Era em alguma cozinha escura, talvez meio verde também. Ou então o que eram verdes eram os arames das cadeiras da varanda. Ou os baldinhos com que as crianças brincavam na terra com as mães se desesperando porque lá poderia ter alguma doença. Não sei se isso me dá saudade. É só um quadro vívido na memória. Com cor marcada: lembrança esverdeada.
O que entendo é que se tudo parece estar certo, é só olhar um pouquinho mais para baixo para ver as coisas erradas - podem estar debaixo do tapete. Mesmo assim, lá vem outra coisa que as avós costumavam dizer: "Se alguma coisa parece errada, é porque você olhou demais".
Engraçado é que a todo tempo dizem que sentir culpa pelo passado é uma coisa fora de moda. Não sei, pressinto que essa nova onda de breguice dos anos 80 tenha reavivado nossas saudades e nossos remorsos. Como se vivendo tudo de novo, a gente pudesse mudar alguma coisa. Quem sabe um detalhe aqui, outro ali, e então talvez algum dia a gente chegue aos anos 2000 de novo, mas dessa vez da maneira certa. Sem perdas pelo caminho.
Acho mesmo é que eu andei me perdendo nesses tempos tão entediantes. A culpa está justamente nisso de se perder cada vez mais, mesmo pensando em voltar, e ainda assim cada vez caminhando, caminhando mais à beira do abismo. É tão bonito olhar pra baixo. Acho que a culpa está, na verdade, nessa espera por algum deus ou algo que o valha que saia de suas terras ancestrais, montanhas ou campos, e me tome pela mão e me conte todo o por-vir, ou que pelo menos me olhe nos olhos com seus olhos de tigre branco e me assopre um segredo indígena, que sele minha boca e meus ouvidos e só me deixe ali por um tempo, só me deixe.
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